O bom de viajar é, sem dúvida, o que a gente traz na bagagem. Refiro-me não apenas as coisas materiais, mas as experiências que nos arrancam o fôlego. Estive no nordeste nesse início de ano e aproveitei para conhecer e visitar alguns atrativos turísticos. Além de carregar na lembrança é sempre bom fazer alguns registros:
Bocadinho de história
quinta-feira, 14 de março de 2013
domingo, 29 de julho de 2012
Em frente à urna, a decisão é sua
A cidade de Cacimba de Dentro, na
Paraíba, ferve em época de eleição. Pessoas vestem a camisa e chegam a fazer
inimigos por defender um político ou outro. Já ouvi histórias de pessoas que
romperam amizades antigas por causa de encrenca política.
Desde que deixei a cidade, quando
tinha onze anos, nunca estive lá durante o período de eleições. Não conheço com
propriedade a administração de ninguém e nem defendo a bandeira de nenhum
deles. Tenho familiares e amigos lá e conheço um pouco da necessidade dos
logradouros e sítios com base nas minhas visitas de férias.
A principal renda da cidade vem
da agricultura, sendo assim, se não chove ou chove demais é sinal de prejuízo
para todo mundo. Por essa razão é que muitos largam a vida ao lado dos
familiares para buscar oportunidades em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Minha
família é exemplo disso. Nasci e vivi toda minha infância em Logradouro, município
de Cacimba de Dentro. Nunca faltou
comida na mesa da minha casa porque meu pai sempre nos sustentou, trabalhando
anos no Rio, anos em São Paulo.
Apesar de ser criança e não
compreender bem as coisas, eu vi políticos baterem na porta da minha casa e
pedirem votos. Tantas promessas que eu pensava que depois das eleições, o céu
seria ali.
Infelizmente, eleitores vendem
seus votos em troca de promessa de emprego e, às vezes, até dinheiro. Necessidade
de comprar um remédio, pagar um exame ou colocar comida em casa. Poucos
reconhecem que o voto é a única arma que têm nas mãos. A única chance de
defesa. Reclamam da corrupção, do descaso com a saúde, educação e com o bem do
povo, mas na hora do voto, escolhem quem fez a melhor oferta de compra.
(...)
Hoje, o atual prefeito e
candidato a reeleição em Cacimba de Dentro, Dr. Edmilson Gomes (PSDB) esteve na
comunidade Rio das Pedras, no Rio de Janeiro. A maior parte da população da
comunidade é nordestina. Gomes estava em um bar bem conhecido e frequentado por
muitos paraibanos. Conversei um pouco com ele. Perguntei sobre a saúde e geração
de emprego. Como ele mesmo disse: eu não conheço a trajetória de vida dele. De
fato, sei apenas o nome, a profissão, o partido e o tempo que ele está no
governo. Eu admito que não tenho o direito de dizer que Gomes é bom ou mau
prefeito. Minha opinião não importa. Não voto na cidade. Não faço uso dos
serviços da prefeitura de Cacimba de Dentro. Quem deve julgar a administração
dele, são os eleitores de lá.
Aqui deixo um pedacinho da minha
conversa com Gomes. O momento foi registrado pela minha cunhada e amiga Cilene
Pereira.
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Num piscar de olhos e tudo muda
Sabe aquele desespero que a gente
sente quando sonha que está caindo? Inutilmente tenta se agarrar ao nada?
Alívio é acordar e perceber que o chão continua ali, não é mesmo? O entregador Acleano
Barros, 27 anos, não sentiu esse alívio já que a queda no poço do elevador não
aconteceu em um pesadelo.
Era início de junho e ele
retornava de um apartamento no primeiro andar de um edifício no Leblon, Rio de Janeiro. Barros
se despediu da cliente que ficou observando-o até a porta do elevador. Olhou
para ela em sinal de despedida, abriu a porta e deu um passo com o pé direito
para o nada.
“Quando eu percebi que estava
caindo, tentei me agarrar a uma espécie de cabo de aço. Não consegui e senti
minha perna direita acertar uma pilastra”, conta. Tentou verificar os danos
enquanto gritava para a cliente: “Oh minha senhora, o elevador está quebrado e
agora estou aqui embaixo no escuro”.
Enquanto a mulher gritava por
socorro e corria para o telefone, o entregador viu o elevador descer. Com medo
de ser esmagado, levantou o braço, tentando aparar. “Ainda bem que ele apenas
encostou e subiu. Eu só pensei ‘ai, meu Deus, lá vem esse troço agora’”.
Mesmo machucado, conseguiu retirar
o celular do bolso e ligou para o trabalho, uma filial de uma rede de restaurantes
no Rio. O gerente que já tinha sido avisado pela cliente, seguiu para o local
do acidente. Barros foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros e a caminho do
hospital avaliou a situação:
“E agora? Tenho que pagar o
aluguel, as contas de casa e sustentar minha esposa. O que eu vou fazer? Minha
moto, alguém guarda para mim. Se ela ficar lá, vão multar e vou ter mais
problemas... Ai meu Deus, alguém recolhe o dinheiro lá no buraco, tem umas
moedas também... nem deu tempo de guardar, caiu tudo no poço junto comigo”.
Falava sem parar.
“Rapaz, qual é o seu nome?”,
perguntou o bombeiro.
“Acleano de Brito Barros”,
respondeu.
“Como? Acri...”, tentou o
bombeiro
“Acleano, meu senhor, com L". Olhando para a colega de trabalho que o acompanhava pediu: "Explica para ele como se escreve meu nome, para não ficar errado lá no hospital”.
“O número do seu RG, rapaz”,
pediu o bombeiro.
“Não me lembro, meu senhor. Tem
uns doze números, não decorei tudo ainda. Mas o documento está aqui no meu
bolso. Eu ainda não peguei porque estou aqui imobilizado. Se o senhor conseguir
alcançar meu bolso de trás pode pegar...”, explicava Barros.
O entregador Acleano Barros aguardou mais de 15 dias para fazer a cirurgia no fêmur direito. Felizmente foi o único membro quebrado no acidente. Como trabalhava há cerca de um mês no estabelecimento, o cartão do plano de saúde ainda não estava pronto e restava aguardar os serviços do Sistema Único de Saúde
(...)
Quase um mês depois do acidente, o entregador nos recebe em sua quitinete na Rocinha, na Zona Sul do Rio. Moreno e franzino, ele parece um menino indefeso e abatido. Aparência que engana. Falando sem parar, vez por outra com olhos marejados, Barros nos conta tudo o que vivenciou enquanto esteve no hospital. Ele capricha nos detalhes, fazendo-nos quase enxergar as cenas.
O entregador Acleano Barros aguardou mais de 15 dias para fazer a cirurgia no fêmur direito. Felizmente foi o único membro quebrado no acidente. Como trabalhava há cerca de um mês no estabelecimento, o cartão do plano de saúde ainda não estava pronto e restava aguardar os serviços do Sistema Único de Saúde
(...)
Quase um mês depois do acidente, o entregador nos recebe em sua quitinete na Rocinha, na Zona Sul do Rio. Moreno e franzino, ele parece um menino indefeso e abatido. Aparência que engana. Falando sem parar, vez por outra com olhos marejados, Barros nos conta tudo o que vivenciou enquanto esteve no hospital. Ele capricha nos detalhes, fazendo-nos quase enxergar as cenas.
“Chorei muito de dor. Passei maus
bocados esperando ajuda lá. Mas eu sou forte. A gente escolher ser. Eu vou
voltar a andar logo”, diz, enquanto nos mostra o que já consegue fazer com a
perna machucada.
Com bom humor, Barros nos conta
um episódio que estreitou os laços dele com a novela das onze: Gabriela.
“Um senhor que também estava hospitalizado
tinha uma televisão e eu via com muita tristeza o que passava. Queria operar
logo, me livrar das dores e ficar bom. Quando passava a música de abertura da novela
Gabriela e minha perna doía, ficava bravo demais. Acabei associando a música à
dor que sentia. Em casa, vendo a abertura de novo, a raiva voltou, mas decidi
fazer as pazes com a Gabriela. Não quero guardar essa mágoa”, conta entre
risos.
Depois que saímos de lá fiquei
digerindo uma das frases do entregador: “Assim que sai do hospital e vi a luz
do sol, deu vontade de chorar”. Não caiu durante o sonho, não teve o alívio do
despertar, mas foi acariciado pela luz do sol e o consolo de que o pior já
passou.
domingo, 13 de novembro de 2011
Livro-reportagem discute crimes cibernéticos
Maldade Virtual relata histórias de vítimas e opinião de especialistas
Acabo de entregar meu Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo, o TCC. O livro Maldade Virtual — calúnia, difamação, invasão de privacidade, inveja, pedofilia, perseguição e roubo de identidade no mundo do cibercrime —, enfoca os principais delitos cometidos no universo virtual, além de abordar a discussão que já dura desde 1999, sobre a criação de uma legislação específica para tratar os cibercrimes.
Para compor a obra, entrevistei 20 fontes entre vítimas e especialistas como peritos, advogados, delegados e estudiosos em crimes virtuais, além de instituições ligadas ao tema. Fui ao Rio de Janeiro a fim de conhecer a delegacia especializada, pioneira no Brasil, a de Repressão aos Crimes da Informática (DRCI). Também estive em São Paulo, entrevistando vítimas e especialistas.
Os resultados das conversas e pesquisas, distribuídos em 12 capítulos, podem ser conhecidos em Maldade Virtual.
Os resultados das conversas e pesquisas, distribuídos em 12 capítulos, podem ser conhecidos em Maldade Virtual.
Capa elaborada por Joana Ribeiro |
Ficha técnica:
Título do trabalho: Maldade Virtual
Formato: livro-reportagem
Autora: Vivi Ramos
Orientador: Márcio Calafiori
Agora é só aguardar o dia da Banca Examinadora (ainda não divulgada) para conferir a opinião dos professores.
domingo, 23 de outubro de 2011
Minha irmã e o ENEM
Nos dias 22 e 23 de
outubro de 2011 aconteceram as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
Esse ano foi a vez da minha irmã mais nova participar do que podemos chamar de
maratona escolar: 180 perguntas e mais uma redação. No meu tempo, a prova
durava somente um dia, tinha 63 questões e uma redação. Se já saíamos esgotados
na era das 63 perguntas, imagina agora que o tormento dura dois dias.
Meu pequeno anjo de 18
anos saiu cedo para o seu primeiro ENEM. Eu já sabia que ela ia retornar com
uma série de observações sobre a prova. Na realidade, as observações trazidas
foram sobre os bastidores.
...
“Cheguei lá, enfrentei
uma fila para entrar na sala. Sentei. Do meu lado, uma mulher estranha se
acomoda”, conta minha irmã.
“Vocês podem colocar o
lanche, se tiver, em cima da mesa. Cuidado para não derramar líquido na
prova...”, orientou o fiscal.
Minha irmã observadora
como é, relata:
“Cara, a mulher que
estava do meu lado, tirou da sacola: Um Red
Bull, uma coca-cola, uma garrafa de água mineral, uma bolacha recheada,
dois pacotinhos de Trindents, duas
barras de cereal, duas barras de chocolate, três balinhas, um pirulito e um
saquinho de jujuba. Logo pensei: Essa daí pretende ficar até o fim!”
Envergonhada, minha
irmã retirou apenas uma bolacha que nem ousou abrir.
O fiscal distribuiu
sacolas padronizadas para que os alunos colocassem os lápis, borrachas e outros
objetos. Inutilmente, minha irmã tentou enfiar a bolsa inteira na pequena
sacola que quase rasgou. Teve que encarar o olhar reprovador do fiscal.
“Hum, tenho que trazer
essa mesma sacolinha amanhã?”, perguntou.
No meu tempo não havia teste
de grafia. Desta vez, há. O MEC (Ministério da Educação) adotou um meio para
comprovar a identidade dos usuários. O aluno devia repetir no cartão de
respostas em letra cursiva, uma determinada frase. A frase da minha irmã, cujo
caderno era amarelo, era: “Há um frio e um vácuo no ar”. Ela perdeu um tempão
pensando: Será que todas as outras provas têm uma frase boba feito essa? E essa
mistura de maiúscula e minúscula. Vou levar a tarde toda só pra reproduzir isso
sem erros.
Metade da prova e vem
aquela vontade enorme de ir ao banheiro. E agora? O jeito foi aceitar a
companhia do fiscal até lá.
“Foi constrangedor.
Parecia que todo mundo sabia que eu ia fazer xixi! Pior, pensei que ele ia entrar no
banheiro comigo...”, conta meu anjo.
Ao voltar para a sala,
o cansaço já batia. Tinha lido 50 perguntas, agora era partir para o “mamãe
mandou eu escolher esse daqui”... Depois disso, ainda ia encarar a pintura das
bolinhas:
“Quase fiquei cega! Sai
vendo um monte de pintinhas...”, diz
Eis que surge mais um
problema: uma coceira na perna. Estava de vestido e na primeira tentativa de
coçar, o fiscal olhou desconfiado. Métodos utilizados para afastar a coceira:
tentar o cotovelo; a caneta ou ainda encostar uma perna na outra. Nada dava
certo. E nem o fiscal desviava o olho.
“Agora lascou! Ele vai
achar que eu quero colar. Mas também só um idiota para querer colar numa prova
dessas. É possível colocar conhecimento adquirido nesses anos todos de estudo
nas pernas?! Ou está na cabeça ou vai no ‘Joãozinho é um bom aviador/ quando
falta gasolina, ele mija no tambor/ Ana bela, Ana bela, quem saiu foi ela...”
Para acompanhar o
problema da coceira, o silêncio da sala era interrompido pelos barulhos de
gente mascando chiclete, páginas virando, pacote de bolachas ou chocolates
sendo abertos... a concentração era o tempo todo interrompida.
Estava calma, até que
começou a sair os primeiros alunos da sala. “Agora é pintar bolinhas na
velocidade da luz, nem vai dar tempo de cantar musiquinha.”
Deixou a escola com a
seguinte conclusão:
“Eu sou a melhor da
melhor do mundo em pintar bolinhas do ENEM mais rápido.”
sábado, 30 de julho de 2011
Apagando velinhas
O mês de julho poderia ser chamado de "mês de apagar velinhas" pelo menos para mim. Em julho comemoro meu aniversário, aniversário do meu pai e de duas grandes amigas: Cilene e Priscila.
Quando eu era criança tinha poucos amigos. Andava pelas ruas da terrinha perdida nos próprios pensamentos. A menina de cachinhos ao vento gostava de ser sozinha.
Cresceu.
Pouco a pouco, foram se aproximando pessoas que mudavam o instante em que chegavam. Não o instante em que chegavam perto de mim, mas quando estavam presentes DENTRO de mim. Em meu coração. Pude descobrir o verdadeiro significado de SER amigo. A menina de cachinhos ao vento não quer mais ser sozinha.
Mencionar todos os queridos amigos aqui seria uma tarefa difícil. São muitos que eu tenho a convicção de que realmente são meus VERDADEIROS amigos. Pessoas que dividem os momentos de intensa alegria e que não esperam o chamado para socorrer nas horas de dor.
"Amigos são como anjos. Presentes em nossa longa jornada. Suas asas são o apoio nos momentos de queda. O sorriso, é o amparo e a força para continuar"
Sou grata a Deus, por ter me presenteado com lindos ANJOS.
domingo, 24 de julho de 2011
Sonhos e um piano
Mais de 120 minutos de espera. Estática em frente as catracas do Metrô Santana, em São Paulo. Lá estava eu, na manhã de hoje, esperando uma pessoa que me daria entrevista para o meu livro, projeto de TCC. Os pensamentos vagavam entre os objetivos, metas e receios quanto ao meu projeto, mas também entre muitos sonhos, alguns distantes e outros tão próximos. Sutilmente meus pensamentos foram embalados por uma melodia. Depois d as catracas, bem no canto, quase que invisível, ele se concentra. Os dedos deslizam pelas teclas do piano. É o som dos sonhos. O que ele tocava no piano, não era o mais importante para mim que por vezes nem conhecia a letra da música. Era o ato simples de embalar os passos dos desconhecidos que me encantava. Poucas pessoas paravam para apreciar o jovem músico, talvez movidos pela pressa, cansaço ou distração. Muitas pessoas transitam naquele espaço todos os dias, a todo momento. Quem são essas pessoas? Quais os seus sonhos? Suas preocupações? Quem é o jovem músico? Com o que ele sonha?
Não sei.
Fiquei ali, não mais parada. Minha alma ia onde os meus sonhos, embalados pelo som, chegavam. Lembrei com saudades das pessoas queridas que não tenho por perto todos os dias. Dos amigos que dividem o peso das dificuldades; dos momentos inesquecíveis e tantas e tantas coisas que não consigo enumerar.
As sensações provocadas pelo som, certamente não vão ser esquecidas. Uma pausa para o descanso do jovem músico e a pessoa que esperava chega. Sigo rumo as meus objetivos do dia, embalada ainda pelo som do piano em minha mente.
....Abaixo um trechinho da presença do jovem músico no Metrô Santana, SP
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